Maratona do Rio: o sub3 (ainda) não veio
A prova perfeita até o km 31 foi para o espaço na decisão de encarar o vento de Ipanema e de Copacabana: 3h07 de aprendizado e experiência
Foram 1.188 quilômetros em 16 semanas do ciclo específico para a Maratona do Rio. Depois de atingir as 3h09 na Maratona de Amsterdã, eu e o treinador acreditamos que seria possível dar o próximo passo: arriscar uma busca pelo sub3 horas na Maratona do Rio de Janeiro, em junho de 2023.
Mas a corrida de rua gosta de nos ensinar da forma mais dura possível que é preciso ter paciência. As evoluções e as mudanças fisiológicas e até mesmo mentais não acontecem da noite para o dia. E não estamos mais acostumados com isso neste mundo ultraconectado e cheio de falsas urgências.
Fazer a inscrição para uma maratona é algo que dá um certo direcionamento na minha vida. Sim, é difícil e cansativo conciliar trabalho e a rotina de treinos, mas, ao mesmo tempo, isso me faz bem. ♂️
Não escondo de ninguém que estou buscando o meu índice para a Maratona de Boston, o que necessariamente me obriga a reduzir alguns minutos do índice de 3h05 e atingir as sub3 horas nos 42 quilômetros. Nem preciso dizer que não é uma missão fácil e que não há resultado garantido.
O ciclo Maratona do Rio: só traz mais confiança
A prova: hora de assumir riscos e pagar o preço
O fim de semana da Maratona do Rio é muito legal. A estrutura montada é excelente e oferece as mais diversas possibilidades aos corredores: provas de 5, 10, 21 e 42 quilômetros e os desafios (21+42 ou 5+10+21+42). Além do mais, as provas passam pela praia ou aterro, levando muita gente para a rua.
A meia maratona – prova que a Fer fez – aconteceria no sábado. E acompanhar ela de perto e torcer por ela e pelos amigos da Liberi Treinamentos só aumentou a ansiedade e a adrenalina.
Acontece que, em provas de longa distância, nem tudo depende só de você. O meu foco no ciclo da Maratona do Rio foi controlar o que está ao meu alcance: treinos, alimentação e descanso. Mas há coisas que estão fora da nossa alçada, o clima em especial, que sempre foi uma preocupação no Rio de Janeiro.
Em um mundo ideal, a temperatura para uma maratona não vai passar dos 15 graus e sem vento. No Rio de Janeiro, às 4h30 da manhã, o relógio já marcava 22 graus. Ou seja, dureza – mesmo para quem treinou em um clima semelhante, em Santos.
O que fazer?
O certo seria ter reduzido as expectativas e o ritmo? Talvez. Fácil fazer esta análise depois. Na hora, decidi seguir o meu ritmo de 4’15” por quilômetros. Na parte mental, a prova seria dividida em três fases: 14 quilômetros a cada hora.
Hora 1: 14,5 quilômetros. Lindo.
Hora 2: 28,8 quilômetros. Lindo. Ritmo médio: 4’11” – 4” abaixo do necessário para o Sub3.
Hora 3: é só manter! “Só manter” hahahahahaha!
Mas não dizem que é aí que começa a maratona? Fiz o retorno no Leblon por volta do quilômetro 31 e teria que voltar ao Aterro do Flamengo, onde foi a largada. Ali, o vento – que estava nas costas – se tornou um adversário. O ritmo subiu um pouco, mas a sensação de leveza para correr foi para o espaço.
Fiz muita força contra o vento, como talvez nunca tenha feito, e o relógio não indicava isso. Saí da praia no quilômetro 37 e corri certo de que, quando fizesse a curva, conseguiria retomar o meu ritmo.
Sabia que o Sub3 já era, mas ainda estava dentro do Índice para Boston: 3h02, aproximadamente. Toda a minha esperança de retomar o ritmo se foi com as ameaças de cãibra na região do quadril: quem mandou encarar o vento? Paguei o preço.
O tempo final na Maratona do Rio foi de 3h07’52”. Decepção? Em um primeiro momento, sim. Mas, com o passar do tempo, entendi que a prova foi muito boa pelas condições climáticas. E, afinal, deu recorde pessoal, pô!
E lembra daquela palavrinha do começo do texto? Paciência. Sim, ela segue em alta e já tem a data para ser colocada à prova: 16 de junho, em Porto Alegre, a minha sétima maratona.