Uma nova experiência na Amazing Runs Ilha do Mel

 Em Nômades corredores, Nômades digitais

Pela primeira vez, o adversário não foi só o próprio corpo: e isso foi demais

Estamos no universo da corrida desde 2011. Honestamente, achava difícil ter uma experiência que fugisse daquilo que já havia vivido – são três maratonas, mais de 15 meias maratonas e dezenas de provas de 10 e 5 quilômetros. Até viver o Desafio da Butuca, da Amazing Runs Ilha do Mel, no último fim de semana.

Foi a primeira vez que participamos de um desafio. Eu fui no da Butuca, que consistia em 14,5 quilômetros no sábado e outros 22 no domingo; a Fer foi no Desafio da Butuquinha: 6 quilômetros no sábado e 9 no domingo. Para mim, a corrida é uma tentativa de que eu seja melhor do que já fui um dia, sem me incomodar com os outros.

A organização da prova foi impecável: preocupação e informação com os atletas nos locais mais perigosos, responsabilidade com o meio ambiente, mutirão de limpeza pós-prova e boa sinalização, com fácil identificação do caminho pelos corredores. Como o número de atletas é restrito – cerca de 800 –, em alguns momentos, corre-se sozinho ou acompanhado por poucas pessoas.

Sem contar, é claro, o fato de a Ilha do Mel ser um lugar incrível. É, literalmente, uma oportunidade de fugir da rotina e testar o limite do corpo. Em alguns momentos, cheguei a me arrepender de ter me inscrito para o Desafio, mas voltamos da Ilha felizes e já pensando em treinar mais para o ano que vem!

Desafio da Butuca: quando o resultado vai além das expectativas

Não sou um corredor de trilhas e fui até a Ilha para dar o meu melhor e me divertir. No sábado, o percurso dos 14,5 pegava duas subidas pesadas, praticamente uma escalada na Fortaleza e a desafiadora subida das escadas do Farol das Conchas. Consegui imprimir um ritmo forte nos trechos planos, andar muito pouco nas subidas… Terminei a prova com 1’12’’28. Quando saíram os resultados, me surpreendi ao ser o 14º melhor atleta e estar na 4º posição na disputa pelo pódio na categoria de 30 a 39 anos do desafio – que premiava até o terceiro atleta.

Meu combinado com o treinador era forçar no sábado e ir mais tranquilo no domingo, mas isso mudava completamente o planejamento. Valia a pena se colocar ainda mais à prova nos 22 quilômetros em busca de um troféu, algo inédito para mim. Em vez de seguir no ritmo de 5’ por quilômetro, optei por dar o meu máximo logo no início da prova de domingo, já que o trecho, desta vez, seria inteiro plano. Só não contava com a passagem por um mangue – que outros corredores chamavam de “pântano” – que impedia de seguir no ritmo planejado.

Na largada, contra tudo aquilo que o bom senso prega, saí o mais forte que conseguia. A estratégia? Abrir a diferença para os dois e ir controlando, se houvesse essa necessidade. Tudo foi lindo até por volta do km 12. Em determinado momento do pântano, eu corria a uma distância segura do meu adversário mais próximo – e sabia que carregava cerca de 10 segundos à frente dele devido ao tempo de sábado. Era o cenário perfeito.

Só que, ao sair do mangue, o cansaço acumulado de sábado, a força feita para imprimir um ritmo mais forte e correr quase 5 quilômetros com o pé afundando, começaram a pesar. Por mais força que tentasse fazer, por mais que buscasse encaixar a postura, a cadência das passadas, o ritmo que o relógio marcava não diminuía. E, ao mesmo tempo, conseguia ver meu concorrente se aproximando. Nessa hora, resolvi segurar minha energia, reduzir o ritmo e correr corpo a corpo com ele, contando que, por alguma razão maluca, as dores cessariam e eu teria energia para um sprint final.

Corremos lado a lado dos 17 aos 20 quilômetros, quando ele foi para o sprint. E, por mais força que fizesse, eu não conseguia me aproximar. Cheguei pouco mais de 1 minuto atrás dele – 57 segundos no desafio – e fiquei em quarto lugar na categoria. Fechei os 22 em 1’50’’04, sendo o 14º melhor atleta, e o 12º melhor no desafio. Não trouxe o troféu para casa, mas tive uma experiência maluca e sensacional: ter mais do que a si como um adversário.

E o mais legal disso tudo é que, no sábado, eu e o Mauricio Rech, que corria com a camisa de uma equipe de Pato Branco, dividimos água, conversamos antes, durante e depois da prova e nos parabenizamos pelo resultado. No domingo, mesmo sabendo que havia ficado atrás dele, fiz questão de cumprimentá-lo. Afinal de contas, apesar de correr contra ele, o maior adversário continua sendo meu próprio corpo. E tenho uma certeza: ninguém sai desses 36,5 quilômetros – que equivalem a uma maratona em dois dias – da mesma forma que entrou. Só isso já vale a pena.

Desafio da Butuquinha: menor, mas não menos desafiador

Quem nos acompanha aqui pelo blog ou pelos nossos IGs (@nomadescorredores e @bomdedica) sabe que o Vini corre forte, maratonista, adora desafios, e eu corro mais devagar, curtindo, sem muita disputa ou risco. Nunca imaginei correr na trilha, molhar os pés, pisar na lama, no barro, na água até a canela e seguir correndo. E foi bem isso que aconteceu durante o percurso do desafio. E o melhor: eu adorei a experiência.

O clima chuvoso fez com que parte do trajeto ficasse enlameado, tornando-se escorregadio e até mesmo perigoso. Por alguns instantes pensei que o clima fosse ser um problema, mas pelo contrário: nublado, garoa fina, perfeito para correr.

A estreia no sábado com os 6 quilômetros foi boa. Apesar de não ter treinado na semana que antecedeu a prova por conta de uma fisgada na posterior da coxa e com os receios de sentir dor, fui com a cara e a coragem. Na mente, se sentisse dor, ia continuar até o fim e dar o meu máximo. Por sorte e cuidados, a dor não veio. Corri nos ritmos propostos pelo treinador, mas a felicidade mesmo veio ao fim da prova, ao ouvir de outra atleta um “valeu, pacer. Você foi me puxando e eu só não andei por sua causa”! Delícia saber que, além de estar satisfeita pelo meu desempenho, consegui ajudar outra pessoa.

No domingo acordei disposta, mesmo com a chuva intensa da madrugada. Seria dia de subir a Fortaleza, trecho que eu achei que fossem cortar da prova por conta da chuva. Mas não! Ao invés disso, muita orientação por parte da organização, salientando os cuidados que deveríamos ter para subir e descer a trilha, em meio ao mato, lama e pedras muito lisas.

E lá fomos nós, para mais 9. Tentei correr forte nos primeiros quilômetros, pois sabia que a subida e descida do Forte seriam mais lentas. Logo ouvi a minha companheira de pace de sábado se aproximando. Subimos e descemos juntas, cuidando dos nossos passos e dos demais colegas corredores. Na descida, ensaiei dar uma forçada, mas o cansaço da subida do morro foi muito mais forte.

Cheguei bem, realizada e fiquei mais feliz ainda por vez meu nome na primeira página da classificação geral do desafio, algo que nem cogitava: 28º lugar geral, 15º na categoria. Mas o melhor disso tudo é ver como a corrida une as pessoas, no companheirismo, nos cuidados, broderagem mesmo. 

Valeu Amazing Runs e Global Vita pela prova e organização, nós já estamos prontos para o ano que vem!

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