O sub3 veio!
O clima e o pelotão ajudaram: a primeira experiência de major foi brindada com um recorde pessoal e a realização de um sonho
O que te motiva a correr? Por dois anos, minha resposta para essa pergunta foi: a perseguição por uma marca. Eu lutava para atingir menos de 3 horas em uma maratona. Isso me tirou da cama para treinar 6 vezes por semana e rodar até 110 quilômetros semanais nos picos de ciclo – sem contar o fortalecimento e o cuidado com a alimentação e o sono.
A primeira tentativa foi no Rio de Janeiro, com 3h07, que relatei neste post. A segunda seria na Maratona de Porto Alegre, neste ano, que não ocorreu devido às chuvas no Rio Grande do Sul. Optei por correr em Londrina, uma prova de percurso desafiador em altimetria e que culminou com um satisfatório 3h03.
Este resultado trouxe ânimo e expectativa para a segunda tentativa do ano: a Maratona de Chicago, minha primeira Major e uma prova ideal para os recordes pessoais por ser plana e fria. E, desta vez, tudo correu dentro do planejado com 2h59’49”.
A força de um pelotão
No Rio de Janeiro, fiz uma escolha errada e não quis seguir com um pelotão. Estou acostumado a treinar sozinho e não queria seguir um grupo. Não poderia ter errado mais, especialmente em uma prova com vento como a Maratona do Rio.
Em Chicago, optei por encontrar ospacersde sub3 horas, esqueci a existência do meu relógio – até porque ele é inútil nos primeiros cinco quilômetros devido aos arranha-céus – e fui atrás deste grupo, tentando também fazer a leitura do que o meu corpo dizia.
Este pelotão tinha mais de 100 pessoas no início da prova e foi diminuindo com o passar do tempo, mas é impressionante como ainda tenho na memória o rosto de alguns, com quem nem sequer conversei nessas quase 3 horas.
Eles sabiam exatamente o que significava aquela marca e do que tinham abdicado para estar lá em busca de uma marca tão expressiva, no km 35 da Maratona de Chicago, lutando contra o cansaço, a vontade de diminuir o ritmo e vencer a si próprio.
E o que dizer de uma major?
Foram 53 mil pessoas na Maratona de Chicago. E mesmo já tendo corrido outras vezes no exterior: na Maratona de Amsterdam (2022) e duas meias maratonas em Seattle (Rock&Run) e em Vancouver (Scotiabank) em 2018, eu nunca havia visto uma organização tão grande para uma prova.
O número de pessoas na rua facilmente supera as centenas de milhares. Praticamente todo o percurso tomado pelo público, com sininhos, aplausos, placas – incluindo as clássicas: “a dor é temporária, o Strava é para sempre”; “Sorria: você pagou para isso”, entre outras.
Sempre tive a percepção de que uma major seria mais uma estratégia de marketing do que a entrega de uma experiência incrível. E, felizmente, não podia estar mais errado.
A Maratona de Chicago é incrível em todos os aspectos: da retirada do kit à festa pós-prova. E falo também da experiência de prova em relação à hidratação, ao percurso, à organização de largada e à dispersão.
Se você é do time que gosta de se aventurar nos 42 quilômetros e de viver experiências únicas, coloque este propósito para os próximos anos!