Por um mundo mais introspectivo

 Em Empreendedorismo

Em O Poder dos Quietos, Susan Cain mostra como tirar o máximo das pessoas introvertidas

“Escritórios abertos reduzem a produtividade e prejudicam a criatividade. Eles estão associados aos altos índices de turnover. Eles fazem com que as pessoas fiquem doentes, hostis, desmotivadas e inseguras”, afirma Susan Cain no livro “O Poder dos Quietos”. Em sua obra, Cain aborda como a sociedade dos Estados Unidos (e brasileira, pode-se dizer) fez com que a personalidade introvertida fosse vista como uma fraqueza, algo que deliberadamente precisa ser transformado.

Trata-se de leitura obrigatória para empresários, pais e pessoas que gostam de desfrutar da sua própria companhia e de tempos de quietude. A introversão é um traço genético, como ela define no livro: há pessoas que preferem grandes estímulos (como grandes eventos sociais) e outras que sofrem nesses ambientes; por outro lado, há pessoas com grande capacidade de concentração e que apreciam a solidão, enquanto outras não conseguem ficar sozinhas.

Não é definitivo, mas inerente à personalidade. No mundo corporativo, os extrovertidos são vistos como mais fortes. “Nos disseram que para ser grande é preciso ser ousado; para ser feliz, é preciso ser sociável. Vemos a nós mesmos como uma nação de extrovertidos”, diz.

Ela faz distinção clara: ser introspectivo não necessariamente significa timidez. “Timidez é o medo da desaprovação social ou de humilhação, enquanto a introversão é a preferência por ambientes que não geram grandes estímulos”, reforça.

Mais do que isso: trata-se de aspecto cultural. “Na China, há mais ênfase na escuta, em ouvir as questões em vez de fazer discursos, colocando as necessidades dos outros em primeiro lugar. Nos Estados Unidos, é importante saber transformar experiências em histórias”, escreve. Particularmente, entendo que precisamos aprender muito com os orientais.

Para empresários

A leitura é importante para pessoas que lidam com equipes. As pessoas têm preferências distintas e, se forem respeitadas suas vontades, é provável que a produtividade, a colaboração e o relacionamento atinjam novos patamares. Há um capítulo específico destinado a como a colaboração pode destruir a criatividade. E os escritórios abertos são grande prova disso, ao menos no meu ponto de vista.

É papel do empreendedor entender o perfil de seus funcionários e do próprio empregado em expor seus pontos fortes e fraquezas. Há pessoas que, se ficarem fechadas em um cubículo, vão produzir muito mais do que expostas a ambientes abertos e à contínua interrupção.

Embora não me considere tímido e nunca me entendi como introvertido, me identifiquei com muitos pontos do livro e da descrição de um “quieto”. Trabalhei em ambientes abertos e posso afirmar que sou muito mais produtivo quando me sinto “protegido”, quando estou isolado e não sou interrompido. Rendo mais em entrevistas ou reuniões com poucas pessoas do que em grandes eventos sociais.

Em um dos meus locais de trabalho, um dos meus chefes deixou claro que “não gostar” ou “não se sentir à vontade nestes ambientes” era uma “fraqueza” que eu precisava trabalhar. Sempre entendi desta forma também… até ler este livro. Não à toa, mudei meu estilo de vida, trabalho de home office há 5 anos e me sinto muito mais produtivo e feliz desta forma (participando muito pouco de eventos sociais).

Para pais

Há um capítulo destinado a educação e como lidar com crianças introvertidas. Por norma, as escolas – assim como o ambiente corporativo – oferecem mais estímulos a crianças que gostam de interagir e tendem a deixar em segundo plano aquelas que desfrutam de atividades isoladas e têm poucos amigos.

A autora traz dicas de como lidar com essas crianças. Claro que é preciso incentivá-las a quebrar a casca, a enfrentar as dificuldades da vida, mas é preciso compreender a sua personalidade. “O propósito da escola deveria ser preparar as crianças para o resto de suas vidas, mas muito frequentemente o que eles precisam é apenas sobreviver àquele dia na escola”, diz.

Por fim, lembre-se quando observar seu filho em uma situação nova: “introvertidos reagem não só a novas pessoas, mas a locais e a eventos. Não confunda a inabilidade de seu filho em novas situações a uma dificuldade em se relacionar com outras pessoas”.

Por Vinicius Boreki

 

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