Vida sem carro: o balanço após um ano

 Em Nômades digitais

Depois de 12 meses de uma vida sem carro, afirmamos sem medo de errar: é possível viver sem automóvel próprio

Desde que a BT Conteúdo foi aberta, decidimos trabalhar de Home Office por dois motivos: (1) não incluir um custo fixo na empresa e (2) ter liberdade para viajar, sem lidar com mais um gasto mensal obrigatório. Com o passar do tempo, percebemos que o carro se tornava um conforto desnecessário e caro – mesmo para quem tinha um carro popular dos mais simples do mercado. O “Pimentinha” foi vendido em 20 de dezembro de 2017 e iniciamos a nossa vida sem carro.

Para tomar essa decisão, fizemos um levantamento simples: quanto era gasto com o carro ao longo de 12 meses. Nele, incluímos tudo que envolve um automóvel: licenciamento obrigatório, seguro, IPVA, gasolina, revisões obrigatórias e manutenções inesperadas. Nessa conta, foi necessário incluir também outros gastos específicos, como com estacionamentos.

Outro ponto levado em conta por nós era o uso que fazíamos do carro no fim de semana. Em geral, saíamos para um almoço ou jantar e sempre havia a possibilidade de tomar uma cervejinha – algo que gostamos muito. Por isso, embora não entre na conta total do carro, a possibilidade de ser multado em quase R$ 3 mil (exatos R$ 2.934,70, seja por dirigir alcoolizado ou por se recusar a assoprar o bafômetro) também entrou na conta, não no valor estimado, mas em um risco que deixaria de existir.

Após um ano de vida sem carro, tivemos uma redução de 50% nos gastos na comparação com o ano anterior.

Como foi suprido?

Basicamente, o uso do carro foi suprido por cinco frentes:

– Bicicleta, que passou a ser, de fato, um meio de transporte para o casal (até a queda da Fer, aí virou um meio de transporte só do Boreki);

– As caminhadas: distâncias até 2 ou 3 quilômetros foram cumpridas com as próprias pernas;

– Aplicativos de transporte, como Uber, 99;

– Transporte coletivo;

– Carro dos pais, em situações como mudança ou viagem.

A primeira percepção sobre não ter carro é realmente de que se perde agilidade, velocidade e conforto. No entanto, com o passar do tempo, essa percepção se transforma. Para deslocamentos curtos, de até 5 quilômetros, em muitos casos, é mais rápido ir de bicicleta do que de carro – sem preocupação com lugar para estacionar. Mesmo o mercado semanal, era feito de bike.

Claro que alguns ajustes na rotina foram feitos para se enquadrar a esse novo estilo de vida – por exemplo, jogos de futebol às 22 horas. Também há uma necessidade de se planejar um pouco mais, saindo alguns minutos antes ou depois paraevitar as tarifas dinâmicas dos aplicativos de transporte, conhecendo mais a fundo o mapa do transporte coletivo, entre outros pontos.

E as viagens?

Confesso, particularmente, que o principal receio com não ter carro se devia mais a viajar do que a não usá-lo na cidade. Fizemos uma única viagem com o carro emprestado, para a Maratona de Floripa, pois nossa hospedagem era longe da prova, mas poderíamos ter alugado um carro, sem problemas.

A verdade é: viajar de ônibus para distâncias mais curtas é bem viável, sem a responsabilidade de dirigir e até mesmo podendo ler ou trabalhar durante o trajeto. E usamos também o BlaBlaCar, um aplicativo de carona em estradas, que funcionou muito bem – além de ser mais barato do que o ônibus.

Conclusões de uma vida sem carro:

– É libertador não ter um carro. Estacionar nas grandes cidades está cada vez mais difícil e o custo dos estacionamentos também sobe gradativamente. Por esse motivo, ir em um shopping na época de Natal, por exemplo, é muito mais simples de ônibus, bike ou de aplicativo do que com o automóvel particular, se levarmos em conta o aspecto tempo e dinheiro.

– Eu (Vinicius) – que estava sempre no volante – fiquei muito mais calmo. Dirigir é um ato estressante e nunca me dei conta no impacto que isso causava na vida de modo geral.

– O sistema de transporte coletivo de Curitiba é caro e pouco eficiente. Em boa parte dos casos, se os aplicativos são usados em duas pessoas, eles saem mais barato do que o ônibus. Uma das soluções de atração seria incluir uma integração temporal para usuários, algo que a prefeitura insiste em não fazer sabe-se lá o motivo.

– Você precisa ser mais planejado. Sair com mais antecedência ou atrasar um pouco pode resultar em uma grande economia no bolso.

– Se locomover de bicicleta é ótimo em muitos casos (agilidade, rapidez), mas um verdadeiro transtorno em outros, sobretudo pela falta de respeito dos motoristas.

E o principal: sem arrependimentos pela venda do Pimentinha e planejando novas aventuras nos transportes do mundo!

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