Um manual para combater fake news

 Em Mídias sociais, Produção de conteúdo

As redes sociais e os aplicativos de mensagem, de fato, se incorporaram ao processo eleitoral, seja para o bem ou para o mal, como no caso das fake news

No princípio, eram frases motivadoras atribuídas a Clarice Lispector ou Pedro Bial, sem causar dano para ninguém, exceto para o s autores ou a nossa paciência e tempo. Agora, são informações falsas de campanha política, fruto da polarização que está colocando o Brasil em tempos obscuros, muitas vezes caluniando e difamando outras pessoas. Em outras palavras, a porra ficou séria e é preciso combater fake news.

Vimos, no primeiro turno, um mundo de boatos circulando pela internet a ponto de os jornalistas não saberem mais o que é verdade e o que é “fake news” – como o caso da suposta apuração de urnas no Japão e Austrália. O assunto é tão sério que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou um comitê para investigar esse tipo de situação, mas ele não funcionou conforme o esperado, relata o Estadão.

Mas antes mesmo da eleição, boa parte das pessoas foi afetada pelas informações falsas disseminadas em redes sociais e aplicativos de mensagens durante a greve dos caminhoneiros, em maio. As mentiras levaram a uma contínua correria aos postos de gasolina, mesmo quando a situação já estava solucionada.

Whatsapp e redes sociais

Sem entrar no mérito de qual dos dois candidatos seria melhor para o país, fato é que a campanha do PSL (que já apostava nessa estratégia desde o início da campanha) ganhou a concorrência oficial do PT na produção e disseminação de conteúdos especificamente via redes sociais e aplicativos de mensagem, conforme mensagem abaixo compartilhada em um grupo de whatsapp voltado a abastecer os jornalistas com informações sobre a agenda da campanha.

As informações desenvolvidas pelas campanhas podem ser verdadeiras – embora, por óbvio, tenham o viés de seu interesse. Mas, basta uma pessoa alterar a mensagem para deturpar essa informação e ela se tornar viral, sem controle e mentirosa. Uma matéria da BBC mostra que o principal meio de disseminação das fake news ocorre justamente em grupos de família no Whatsapp.

Aliás, quem não conhece aquela pessoa que está sempre compartilhando (em boa parte dos casos sem saber) informações falsas? Vale ressaltar que esse tio, mãe ou avô pode ser responsabilizado pelos danos causados e até mesmo processado por difamação e calúnia. Portanto, cuidado nunca é demais.

Um manual para evitar problemas e combater fake news

O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br) desenvolveu um manual para evitar o compartilhamento de fake news. Segundo a publicação, “nunca foi tão fácil criar conteúdos e emitir opiniões. Entretanto, o excesso de informações, a velocidade com que elas se espalham, a impossibilidade de checar todas elas, o medo de estar “por fora” e o impulso em confiar no que conhecidos compartilham tornaram a Internet um ambiente propício para a multiplicação de boatos”.

Como ele tem oito páginas, nós, da BT Conteúdo, resumimos em 7 pontos para facilitar a sua vida. Em geral, ser crítico (mesmo que a notícia fale mal do candidato que você odeia no momento) e usar o bom senso evitam a disseminação de informações falsas.

1 – Algumas características que indicam a fake news

– Um título bombástico, que não faz o menor sentido para a realidade daquele momento.

– Conta com letras maiúsculas. DESCOBERTA A CURA DO CÂNCER: COMA BANANAS.

– Usa aquele tom alarmista e superlativos: URGENTE: Depoimento de fulano confirma o que já se sabia sobre cicrano.

– Não traz datas ou locais, não cita fontes, evidências ou embasamentos.

– Apresenta um fato exclusivo, que nenhum outro veículo de grande porte e credibilidade já publicou.

– Não tem o mínimo de zelo com a língua portuguesa (erros gramaticais e de ortografia, além de um texto truncado e muitas vezes de difícil compreensão, para dizer o mínimo).

– Pede que a notícia seja repassada ao maior número de pessoas possíveis.

2 – Observe os detalhes

Verifique a URL da notícia e a data. É comum que haja pequenas mudanças no link da notícia, assim como a tentativa de reviver uma notícia velha. Nem sempre a questão é ser fake, mas também ser algo antigo e que já foi superando.

Ninguém está exigindo que você seja um expert em edição de imagens, mas é muito fácil de identificar algumas montagens fake news na internet, como o exemplo abaixo.

3 – Entre na notícia

Uma notícia bombástica passou por sua timeline do Facebook? Clique nela (ou não, pois pode ser vírus), perceba se o site tem um perfil sério – como se vê em outros veículos – e analise se ele passa a credibilidade necessária. Não compartilhe qualquer informação sem entrar antes no site.

4 – Vá direto a fonte

Se o site citar alguma fonte mais tradicional – Folha, Estadão, O Globo, UOL, Valor Econômico, Exame, Infomoney, entre outros. Não esqueçamos dos veículos regionais e de credibilidade: no caso do Paraná, como Gazeta do Povo, Diário dos Campos, Bem Paraná, Paraná Portal, e etc. Cada estado tem a sua lista de veículos regionais que merecem respeito, assim como sites independentes e de comunicação pública.

5 – Analise o design e o estilo

Novamente, não é necessário ser um especialista em webdesign. Mas avalie o perfil do site, o tipo de notícias que publica antes de compartilhar. Em geral, um olhar mais crítico vai te fazer pensar duas vezes antes de passar para frente.

6 – Evite sites claramente politizados

Nomes de “veículos” claramente politizados, que falam mal de esquerda ou direita, apresentam grande chance de trazer fake news. O uso de termos pejorativos aos adversários – golpistas, bolsominions, petralha, coxinha, mortadela e afins – também denotam a fake news ou, no mínimo, que o site não denota credibilidade.

7 – Ficou na dúvida? Não compartilhe

Disseminar informações falsas é crime. Se você ficou na dúvida, é provável que você tenha razão em não repassar a notícia.

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