Quando o ter deixa de ser prioridade

 Em Nômades digitais

A economia do compartilhamento pode transformar vidas de formas não imagináveis 

O que Uber, Airbnb e locação de carros têm em comum? Eles fazem parte de uma economia de compartilhamento que pode gerar benefícios às pessoas e mesmo ao planeta, seguindo uma lógica de consumo consciente. Diversas iniciativas estão surgindo neste formato: compartilhamento de roupas, brinquedos, aluguel de bicicletas, entre outras dezenas de exemplos possíveis.

Há uma década, se você desejasse viajar, precisaria, necessariamente, locar um quarto em um hotel, alugar um carro, comprar uma bicicleta para se locomover. Hoje, a internet e a tecnologia permitem reservar um apartamento completo ou cômodos pelo Airbnb, se locomover com o Uber (ou locar um carro, serviço já disponível nos Estados Unidos, Canadá e Europa) ou simplesmente locar uma bicicleta para aquele deslocamento que você deseja.

A posse de equipamentos e mesmo de bens vai ficando cada vez mais em segundo plano. O próprio streaming está transformando esta relação. Antigamente, para assistir um filme, bastava locar ou comprar o VHS, o DVD, para estar apto a assistir. Atualmente, por meio da Netflix e outros mecanismos de streaming, basta pagar uma mensalidade para ter acesso a um portfólio de séries e filmes – mas, na realidade, você não detém nada disso. É, de certa forma, um empréstimo mediante um pagamento mensal.

Esta mesma lógica é cada vez mais comum no universo dos videogames. Existem diversos serviços, bancados mensalmente ou anualmente, oferecendo uma gama de jogos que podem ser baixados e jogados em diferentes consoles.

As vantagens

No caso do Uber e do Airbnb, eles pressupõem uma economia de compartilhamento relacionada com a propriedade de bens. No Uber, há uma relação direta entre o motorista (que dispõe do veículo e se oferece para dirigi-lo) e o passageiro (que vai remunerá-lo pelo uso do veículo e pelo tempo oferecido). A mesma relação ocorre no Airbnb: um imóvel inteiro ou parte dele (que, via de regra, está inutilizado) gera renda para o proprietário em troca da locação do espaço.

Os benefícios são sentidos para os dois lados.

Uma mudança de geração

Esse tipo de serviço e de relação vai na contramão do que as gerações mais antigas pregavam. Desejava-se trabalhar para comprar um carro, um imóvel. De repente, as novas gerações estão mais dispostas a investir seus recursos em busca de experiências mais interessantes.

Estudos dizem que a geração que hoje tem entre 30 e 35 anos não está mais tão disposta a investir em imóveis. Obviamente, o alto custo nas grandes cidades somada às elevadas taxas de juros de financiamento levam a pensar diversas vezes antes de investir recursos nesse tipo. No entanto, outra mudança está nas relações de trabalho.

Pessoas na faixa dos 50 ou 60 anos passaram 10/15, às vezes uma vida inteira, trabalhando no mesmo local. Ou seja, ter um imóvel fazia sentido, considerando esse enraizamento da vida. Atualmente, as relações de trabalho são fugazes e adquirir um imóvel não necessariamente se torna uma vantagem, se for levada em conta a aplicação de recursos, a imobilização do dinheiro e a dificuldade para repassar o imóvel, entre outros pontos a se considerar.

O benefício para o planeta

Se você habita uma grande cidade, é bem provável que já tenha perdido preciosos minutos no trânsito. E, se você olhar para o lado, verá que boa parte dos carros tem uma ou, no máximo, duas pessoas. Portanto, o Uber não só reduz o número de veículos na rua, já que se trata de uma carona formalizada e remunerada, como gera benefícios para a cidade. Em vez de dois veículos no trânsito, temos apenas um.

A plataforma também prevê o Uber como carona. Se você sai do endereço X para o Y e alguém tem o mesmo interesse ou um trajeto que possa ser inserido no caminho, é possível dividir os custos da viagem. Vantagem para todos: passageiro, motorista e o planeta.

O que nós temos a ver com isso?  

Guardamos parte dos nossos recursos para conhecer outros locais e culturas. Gostamos da ideia de home office, sem a necessidade de perder horas no deslocamento para o trabalho e somos plenamente favoráveis a reuniões “digitais”, seja por Skype, whatsapp, entre outras ferramentas.

Há 8 meses, vendemos o nosso carro, que ficava boa parte do tempo parado na garagem e estamos nos locomovendo de transporte público e ônibus. Confesso que não ter que procurar lugar para estacionar é bem reconfortante e, dependendo do trajeto e da hora, é mais fácil e rápido chegar de ônibus do que de carro.

Resultado: estamos economizando sem ter um carro e todos os seus custos inerentes (gasolina, manutenção, impostos) e nem sempre perdendo em conforto. Somos fãs de cerveja e podemos sair para beber sem peso na consciência. Assim como tudo na vida, há sempre vantagens e desvantagens em todas as decisões: mas nós assumimos o risco.

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